O 10 de Junho é um dos mais importantes feriados assinalados em Portugal. Foi a data em que faleceu - os registos admitem que possa ter sido em 1579 ou em 1580 - aquele a quem chamaram o príncipe dos poetas portugueses, Luís Vaz de Camões, cuja mais importante obra é Os Lusíadas, poema longo onde se narra a epopeia de Vasco da Gama e dos outros navegadores portugueses na descoberta do caminho marítimo para a Índia.
Começou a ser assinalado após o derrube da monarquia e a instauração da república, em 1910. A data era particularmente importante para os ativistas republicanos, que viam em Camões a maior representação do esplendor português. Apesar disso, nunca deixou de ser apenas um feriado municipal, cumprido apenas nalguns concelhos.
Seria só com o chamado Estado Novo e a Constituição instaurada em 1933 - que implantaria o regime ditatorial em Portugal até 1974 - que a data passou para a lista de feriados nacionais, então com o nome de Dia de Camões, de Portugal e da Raça, pendor que perderia com a instauração da democracia após a revolução de 25 de Abril de 1974, quando passou a designar-se Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Camões, que terá nascido em Lisboa em 1524, era descendente de um fidalgo trovador e guerreiro vindo da Galiza (atual região autónoma espanhola) para Portugal no século XIV. Alegados desgostos amorosos tê-lo-ão levado a um autoexílio, primeiro no Ribatejo e depois na então praça portuguesa de Ceuta (atualmente sob jurisdição espanhola), na condição de militar, que lhe custaria a perda de um olho durante uma batalha em pleno Estreito de Gibraltar. Seria ainda na condição de homem de armas que partiu para Índia em 1553, integrado numa esquadra comandada por Fernão Álvares Cabral. Teria sido nesta viagem, terminada em Goa (Índia) em 1554, que reconstituiria parte da viagem de Vasco da Gama e lhe traria a inspiração para redigir os dez cantos de Os Lusíadas.
O 10 de junho enaltece também as comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, realçando a tradição de emigração associada à história de Portugal já desde a época das Descobertas. Calcula-se que, caso todos os emigrantes tivessem ficado no país, Portugal teria atualmente mais de 40 milhões de habitantes e não os atuais menos de 10 milhões.