O crescimento económico verificado em Portugal ao longo do ano 2017 excedeu as expetativas, ao atingir valores superiores aos 2,6% anteriormente anunciados. Dados recentemente lançados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE) e pela Eurostat vêm mostrar o crescimento efetivo do país a nível económico e compará-lo com o resto da Europa, revelando os pontos positivos e as debilidades deste crescimento.
No que diz respeito à subida da economia lusa em 2017, foi verificado o maior crescimento desde o ano 2000, que supera os valores expectáveis e consensualmente esperados por diversas instituições (e que colocavam o Produto Interno Bruto – PIB - na ordem dos 2,6%). Superando-os, a economia cresceria 2,7%, segundo os dados do INE, sendo de destacar o crescimento da economia no penúltimo trimestre do ano (no valor de 2,5%) e no último trimestre de 2017 (na ordem dos 2,4%).
Parte da justificação destes valores está assente na procura externa líquida, referente à diferença entre o mercado de exportação e de importação, cujo valor – contrariamente ao que sucedia anteriormente - foi bastante positivo. A ligeira quebra no PIB entre o terceiro e o quarto trimestres de 2017, no entanto, pode ser justificada mediante o abrandamento do consumo privado e também do investimento.
Vale a pena salientar que o Orçamento de Estado do governo português previa, tal como outras instituições de relevo - como o FMI, o Banco de Portugal, a Comissão Europeia e o OCDE que - o crescimento verificado em 2017 fosse de 2,6%, valor que foi superado, atingindo o maior crescimento do século, na ordem dos 2,7%. Este valor torna-se ainda mais favorável quando considerado o crescimento do ano transato que, segundo os dados lançados pelo Instituto Nacional de Estatística, foram de apenas 1,5% (valor que tinha, na época, provindo essencialmente da economia interna).
Ao longo do ano 2017 foram vários os aliados deste crescimento, valendo a pena destacar o papel do turismo e do mercado imobiliário. O investimento imobiliário em Portugal foi visível e revelou-se através de valores tão expressivos como uma subida na ordem dos 50% relativamente aos valores de 2016. Mercados em clara expansão, estes aproveitaram a recente aclamação de Portugal enquanto destino seguro, com boa relação de preço – qualidade de vida e ideal para uma vivência de reforma, para apelarem aos sentidos dos investidores, em geral e, em particular, dos investidores estrangeiros.
Dados revelados pelo Instituto Nacional de Estatística, demonstraram que se deu um crescimento de 20% só no que diz respeito ao mercado residencial, havendo uma procura particularmente intensa por parte de investidores externos.
Dentro do universo da mediação imobiliária, no entanto, é necessário referir o papel fulcral do sector imobiliário de luxo, que contribuiu, grandemente, para os números favoráveis do crescimento global da economia portuguesa. Este sector teve uma melhoria visível, atingindo números sem precedentes e fazendo do segmento premium um dos principais dentro do mercado. As subidas verificadas neste sector estiveram na ordem dos 10% a 20%, havendo ainda uma subida de 30% nos preços de diversas habitações nacionais.
Mais uma vez, nos últimos trimestres do ano e segundo dados do INE, Portugal entraria para a lista dos principais países da Europa no que se refere ao crescimento do referido mercado, apresentando-se com um crescimento de 10%, que coloca o nosso país a par com a Holanda e ligeiramente acima da vizinha Espanha, cujo crescimento do mercado imobiliário ficou pelos 7%.
Em termos globais, esta melhoria no sector imobiliário revelou-se numa onda de crescimento que, além de sem precedentes, parece tender para a continuidade. Uma eventual subida do retorno económico para este sector é, na verdade, esperada em 2018, sendo que existe apenas, relativamente a esta, uma preocupação sobre os efeitos que as subidas dos preços que lhe são inerentes possam provocar nas famílias de classe média portuguesa no que diz respeito à sua capacidade para adquirir imóveis e/ou fazer o pagamento de eventuais arrendamentos.
Apesar dos temores que sempre surgem associados aos números do INE e às alterações do espaço financeiro do mercado imobiliário, a verdade é que vale a pena reforçar o papel deste no crescimento da economia portuguesa em 2017. De destacar, ainda, é o papel dos investidores estrangeiros, principalmente provenientes de países como o Brasil, o Reino Unido, a França e a China, para a obtenção dos referidos números.